Wednesday, October 18, 2006

Alguns fragmentos da melhor poetisa de todos os tempos: Florbela Espanca.

...Talvez um dia entenda o teu mistério
-Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!
(Mistério)

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento! ..."
(A vida)

..."Não há mal que não sare ou não conforte
Tua mão que nos guia passo a passo,
Em ti, dentro de ti, no teu regaço
Não há triste destino nem má sorte.

Dona Morte dos dedos de veludo,
Fecha-me os olhos que já viram tudo!
Prende-me as asas que voaram tanto! ...."
( A morte)


"...Toda a noite choraste...e eu chorei
Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei
Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,
Que eu pensei que tu eras a minh`alma
Que chorasse perdida em tua voz!... "
(Alma Perdida)

..."E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
(Amar)

..."Sem ironia amor obrigada
Obrigada por tudo o que me deste

Por aquela tão docee tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
(Canção grata)


Cantigas Leva-as o Vento...

A lembrança dos teus beijos
Inda na minh'alma existe,
Como um perfume perdido,
Nas folhas dum livro triste
.
Perfume tão esquisito
E de tal suavidade,
Que mesmo desapar'cido
Revive numa saudade!

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